Este é um espaço virtual para informações sobre diversas expressões juvenis.

O Protagonismo Juvenil é um tipo de ação de intervenção no contexto social para responder a problemas reais onde o jovem é sempre o ator principal. É uma forma superior de educação para a cidadania não pelo discurso das palavras, mas pelo curso dos acontecimentos. É passar a mensagem da cidadania criando acontecimentos, onde o jovem ocupa uma posição de centralidade. O Protagonismo Juvenil significa, tecnicamente, o jovem participar como ator principal em ações que não dizem respeito à sua vida privada, familiar e afetiva, mas a problemas relativos ao bem comum, na escola, na comunidade ou na sociedade mais ampla. Outro aspecto do protagonismo é a concepção do jovem como fonte de iniciativa, que é ação; como fonte de liberdade, que é opção; e como fonte de compromissos, que é responsabilidade. Na raiz do protagonismo tem que haver uma opção livre do jovem, ele tem que participar na decisão se vai ou não fazer a ação. O jovem tem que participar do planejamento da ação. Depois tem que participar na execução da ação, na sua avaliação e na apropriação dos resultados. Existem dois padrões de protagonismo juvenil: quando as pessoas do mundo adulto fazem junto com os jovens e quando os jovens fazem de maneira autônoma.

sexta-feira, 16 de maio de 2008



Jovens feministas sim, com muito orgulho*!

Por Maria Camila Florêncio da Silva

De 13 a 15 de março em Maracanaú (CE), rolou o I Encontro Nacional das Jovens Feministas. Participaram dele 100 mulheres jovens de todo Brasil, negras, lésbicas, indígenas, quilombolas, rurais e da periferia. Vários grupos foram representados em meio à diversidade presente, que partiram de algo que todas têm em comum - ser mulher jovem e feminista - para suas demandas e necessidades específicas. Rolaram altas discussões, e é evidente que a Viração tinha que estar presente neste encontro!

Na ocasião, as garotas resgataram a importância desse evento e seu propósito, que é consolidar a criação da Articulação Brasileira de Jovens Feministas. A realização desse evento e mais a Conferência Livre, que ocorreu no domingo, dia 16 de março, em Fortaleza (CE), são frutos dessa articulação entre jovens mulheres que vinham se mobilizando desde 2004, no 10° Encontro Latino Americano e do Caribe, quando já pautavam as demandas das mulheres jovens.

Desde então, nos anos sucessivos ao encontro, houve uma mobilização nacional com atividades, oficinas, discussões virtuais, etc. A principal atividade realizada até então foi o Fórum de Jovens Feministas no Fórum Social Brasileiro em 2006, que enfatizou a necessidade de participar de espaços importantes de discussão de políticas públicas para mulheres e juventude.

“Mas foi na II Conferência de Políticas para Mulheres, em agosto de 2007, que a consolidação dessa articulação ficou mais que evidente e necessária, quando as jovens levaram um pré-documento de demandas e abriram um diálogo com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres sobre a importância de uma representação jovem feminista no Conselho Nacional das Mulheres. E a resposta que obtivemos foi que essa Articulação tinha que sair de vez para que isso tornasse possível. Saímos então com a demanda deste encontro”, disse Latoya, de São Paulo (SP), do movimento das negras jovens feministas.

“Nós, mulheres jovens, temos o desafio duplo, que é estarmos presentes nos espaços de juventude pautando a questões das mulheres e nos espaços de mulheres pautando a juventude”, diz Monaliza, do Coletivo de Jovens Feministas - CE e do Fórum

Cláudia
Cláudia Vasconcelos

Cearense de Mulheres. “Por isso também a importância da consolidação da Articulação, que está fortalecendo os coletivos de jovens feministas existentes. Muitas vezes esses coletivos encontram dificuldades por não terem uma grande infra-estrutura, ou mesmo uma sede própria, sem contar os diversos desafios que eles enfrentam para se manterem e realizarem ações. Diante dessa realidade não queremos deslegitimá-los e sim fortalecê-los”, acrescenta Cláudia Vasconcelos do Coletivo de Jovens Feministas - PE.

Feminismo x lesbianidade

Dentre as principais discussões levantadas o destaque é a situação das mulheres negras e mulheres lésbicas, nas quais os grupos falaram da dificuldade que as pessoas têm em assumir estas identidades.

Luanna Marley do Grupo Lamce de Fortaleza - CE, perguntou: “Por que há tanta resistência com a palavra lésbica? Por que nessa relação com o feminismo muitas vezes é negada uma das identidades que também faz parte do movimento, que é a lesbianidade?”

Sobre isso Andréa do Coturno, de Vênus de Brasília (DF), complementa: “Acho que o receio do movimento feminista em reconhecer a lesbianidade como uma das identidades que o compõe, é o medo de reforçar o estereótipo de que toda feminista é lésbica.”

Com discussões diversas e específicas, saíram reflexões tidas como prioritárias pela articulação. Entre elas, uma ganhou destaque e foi consenso como a mais importante no momento - a descriminalização e legalização do aborto. Também foi defendido como desafio a popularização do feminismo, uma vez que muitas mulheres atuantes nos movimentos, ou não, têm de se reconhecer como feministas. Essa dificuldade vem dos estereótipos, que fazem com que as pessoas vejam o feminismo como um bicho-de-sete-cabeças, “machismo ao contrário” ou mesmo a visão de que é um movimento atuante no passado.

“Eu militei na Pastoral da Juventude em Manaus por 11 anos, onde comecei a conhecer outros movimentos, entre eles o

Roseane
Roseane Forito

Feminista e comecei a me identificar. A princípio eu queria “acabar” com
os homens, mas porque ainda não tinha muita informação, depois conheci o
que de fato é o feminismo… Daí me apaixonei”, contou Roseane Ribeiro do Forito, da Liga Brasileira de Lésbicas, São Paulo (SP).

O encontro também recebeu a visita ilustre da Maria da Penha, ex-farmacêutica vítima de violência doméstica, que nomeia a lei 11.340. “Fico muito feliz em ver também as mulheres jovens se reunindo e sugerindo políticas públicas específicas”, comentou.

O primeiro Encontro Nacional das Jovens Feminista teve o apoio da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Secretaria Nacional de Juventude e Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, ambas do governo federal. Além da Prefeitura de Fortaleza e Fundação Friedrich Ebert Stiftung.

* Texto originalmente publicado no site da Revista Viração

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